O Sílvio era um menino risonho, de sorriso aberto que nos visitava aos domingos, no final do almoço, quando nos reuníamos na casa da aldeia. A pergunta era quase sempre a mesma e a resposta também.
- Sílvio, o que comeste?
- Castanhas.
Nós ríamos e dizíamos que não podia comer demais porque senão, um dia, crescia-lhe um castanheiro na barriga. E o Sílvio sorria, numa mistura de dúvida e inocência.
Os anos passaram e o Sílvio já é um adulto. Trabalha com o pai numa oficina à entrada da aldeia e construiu uma casa com um grande portão de ferro. No inverno, às vezes vejo-o à janela a ver a chuva cair e a apreciar a sua pequena vitória. Ao fim da rua, ao virar da esquina, junto à casa do filho do "capitão" e perto da escola primária - hoje abandonada -, é ali mesmo que Ele está, grande e orgulhoso. O Sílvio sorri e recorda a ingenuidade dos tempos de menino. E nós... sorrimos também.
Afinal, foi ali que o Castanheiro do Sílvio escolheu nascer.
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