domingo, 30 de outubro de 2011

domingo, 16 de outubro de 2011

O poder das pequenas coisas

Ontem foi a primeira vez que regressei a casa depois de eles terem partido. Pode parecer estranho, mas tinha decidido não ir ao espaço onde eles viveram, só para não deparar com o vazio da sua ausência. Achei que não era capaz de enfrentar aquele pedaço de chão onde, nos últimos 15 anos, me tinha habituado a encontrá-los. Por isso, cobardemente, decidi não ver, talvez por querer alimentar secretamente uma estúpida e infantil esperança de eles ainda ali estarem.

Mas uma chamada do meu pai obrigou-me a abrir a porta e a enfrentar. É nesta altura que vejo, com surpresa, que no lugar da casota estava uma planta viçosa, com folhas verdes, robustas e saudáveis, adornada com um tule da cor do musgo. Naquele preciso momento percebi que, quem quer que o tenha feito, nunca saberá a real importância daquele simples gesto.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"És o pecado"


Cá em casa não é segredo nenhum que se esta espécie me aparecesse à frente - na versão "com neurónios" -  estava montado o circo.

Oh God!

Sabemos que o nosso homem é um caso perdido quando:

- lhe pedimos para colocar duas cortinas no varão e ele coloca uma para norte e outra para sul (sendo que a do sul fica com a etiqueta à vista, não vá alguém precisar de consultar o modo de lavagem);

- passa pelos sacos do lixo como se fossem acessórios decorativos que combinam lindamente com o tom dos azulejos;

- vai à arca frigorífica e deixa os sacos de congelados abertos, distribuindo postas de pescada pelas gavetas;

- tenta impressionar-te com um crepe aquecido no micro-ondas (depois de repetires 5 vezes o quão feliz serias se alguma vivalma te trouxesse um crepe de chocolate) e esquece-se que o gelo do centro da massa também é suposto descongelar;

- compra 20 pães porque vem um casal dormir a nossa casa daí a 2 dias;

- não distingue coentros de salsa;

E pronto, por hoje acho que é tudo. Estejam atentas. Algo me diz que este post terá muitas adendas.

Por Toutatis!

A partir de hoje estou oficialmente a entrar num período de perigosa calamidade. Acabei de descobrir que o LIDL (a uns míseros 500 metros do meu escritório) tem uma secção de padaria com croissants iguais, mas mesmo iguaizinhos aos franceses. Au secours!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Também pela beleza da mensagem



"O mundo ficou diferente depois de Steve Jobs passar por ele", temos ouvido dizer. Curiosamente, foi ele o génio que nos lembrou que "não era a tecnologia que mudava a nossa vida, mas sim o nascimento dos filhos que nos mostrava a nossa mortalidade".

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ao Pipoca e ao Manchinha


Eu teria uns 18 anos quando apareceram lá em casa. Duas bolinhas de pêlo côr de mel que mal subiam um degrau. O Pipoca foi o primeiro e dois dias depois chegou o irmão. Não era suposto ficar connosco, mas uma doença súbita e aqueles olhos de quem já nasceu triste fizeram com que não demorasse muito a percebermos que íamos ficar com os dois. Chamámos-lhe Manchinha. 

Tornaram-se cães ansiosos, enérgicos, de tal forma nervosos que levá-los à rua era uma aventura: tivéssemos 20 ou 90 kg, eram sempre eles a passear-nos a nós que, num instante, parecíamos uns fantoches arrastados pela trela. Um espectáculo digno de se ver. 

O tempo passou e essa energia, ano após ano, foi esmorecendo também. Quase sem me aperceber, feitas as contas, já estavam com quase 20 anos na "idade dos homens". As patas deixaram de saltar, a euforia de ir à rua já tinha desaparecido, praticamente não reagiam ao nome e até a comida deixou de ser disputada, como antigamente.

Tal como com os "homens", hoje também chegou a vossa hora, a tal que Saramago descreveu como "impiedosa porque chega, leva e vai-se".

E é aqui deste sofá, a 300 km de distância, que choro a vossa partida como já não me lembro de chorar. Sei que devem estar a ir buscar-vos a qualquer momento e há um lado de mim que queria trazer-vos para casa e fazer de conta que isto não está a acontecer.

Não tive tempo de me despedir. Parece que é melhor assim. Afinal, foram 20 anos a ter-vos junto a nós... praticamente metade da minha vida. E é como se um bocadinho dela fosse embora esta noite também.

Vinte anos depois, é agora a minha hora de estar triste. Resta-me pensar que vão embora durante um sonho breve e sem dor. Chegou a vez de descansarem. Se vocês também têm direito a um lugar no céu, que não fique muito escondido porque um dia vou querer abraçar-vos e dizer: "Estou aqui, meus amores. Vêem? Não vos abandonei."

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Das coisas que eu adoro


E foi esta a surpresa que a minha tia mandou da aldeia. Devo ter comido aí um meio kilo... Só foi pena a Cidália ter afogado o manjericão, caso contrário, eu hoje era uma mulher ainda mais feliz.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011