terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Atchim!

Hoje estou como o bacalhau. De molho. Por causa disso, vi um episódio de Glee, soube que há gente que paga 3 mil dólares para emagrecer com uma ténia na barriga, que há velhotes que compram macacos para combater a solidão e que o casamento do Tom Cruise com a Nicole acabou por causa da cientologia. No fim do dia, ainda tive direito a flores. Não foi mau para quem não fez pevide, a não ser fungar todo o santo dia. Mas isso não conta.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

No top das minhas preferências


Este dedico a quem não acredita que o remorso pode durar uma vida. Não mata, mas mói. E muito.

De "cego" e de louco, todos temos um pouco


Só para recordar que ninguém conhece os seus verdadeiros limites. Sobre este tema em particular, que Deus me mantenha nesta santa ignorância.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O homem do coração preso


As lágrimas brotavam e de voz embargada e olhar perdido, desabafava a angústia que a consumia. Foram assim alguns dos nossos almoços durante os últimos meses. Ele não a olhava, não perguntava, não acompanhava, era como se não estivesse ali. Passou a ir mais cedo para o escritório e o trabalho parecia ocupá-lo como nunca. Os serões eram passados no computador e nem uma palavra, uma única só palavra sobre a vida que estava a nascer.

Passaram-se 9 meses. Longos, distantes, frios, desesperantes. "Será feitio? Será que não consegue adaptar-se à ideia de ser pai? Dizem que há homens assim... Será que há alguém?". As longas e persistentes dúvidas terminavam sempre na conclusão que parecia mais fácil suportar... "Não, talvez não, afinal ele foi sempre assim... independente, distante, racional... não é pessoa que esteja habituada a partilhar... a morte da mãe, quando era ainda tão pequeno, deve ter contribuído para a dificuldade que tem em expôr sentimentos", argumentávamos, numa tentativa de encontrar algum conforto.  

Num dia frio de Outono, o pequeno R. nasceu e, daquele dia em diante, o J. tornou-se num pai meigo, afectuoso, radiante neste novo papel que parecia assentar-lhe como uma luva. Nada indiciava o pouco interesse e empenho que demonstrara ao longo de tantos meses. Porém, o distanciamento mantinha-se. As longas horas no computador, a fuga à intimidade, a ausência de cumplicidade, as conversas sobre tudo e sobre nada, sobre tudo o que permitisse fugir a um confronto. 

Alguns dias após a primeira festa de aniversário do pequeno R., o J. saiu de casa. Partiu para não mais voltar.

Ao ler estas linhas, é legítimo pormos em causa a sua integridade. Mas a história do J. não começou aqui. Nasceu há muitos anos atrás, num outro país, numa outra realidade onde viveu a maior paixão que alguma vez imaginou existir. Um amor louco, impossível, desenfreado e cego que o fez esperar 6 longos anos, na esperança que um dia aquela mulher seria só dele. O sonho do J. não se realizou e, talvez numa tentativa desesperada de renascer e seguir com a vida, tentou reconstruí-la e ser feliz ao lado de alguém.

Acredito que sejam muito poucos aqueles que imaginam o que é travar uma luta desta natureza. Sei que o J. saiu para, finalmente, viver aquele amor que um dia foi impossível por tanto tempo. Demasiado.

Histórias como esta são provas vivas de que não há força maior e mais poderosa no mundo do que o amor. Não vale a pena contrariá-lo. O J. tentou, mas não conseguiu. A razão, essa é simples: o seu coração estava preso e quando assim é, nada nem ninguém o consegue ocupar.

Boa sorte J. Que sejas feliz desta vez. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A minha Tia Fernandina


Houve um período da minha vida em que a Tia Fernandina cuidou de mim. Foi curto, mas o suficiente para que, ainda hoje, ela esteja presente em algumas das melhores recordações da minha infância.

A Tia Fernandina foi sempre uma mulher do campo. Rija, segura, decidida e muito trabalhadora. Nunca a vi parada nem a queixar-se do que a vida lhe reservou. Não é de beijos carinhosos ou abraços apertados. No entanto, a ela associo sentimentos únicos como protecção e afecto, seja quando recordo as manhãs frias em que me aquecia as botas no fogão a lenha, quando me deixava brincar com os restos da massa do pão, ou, simplesmente, quando me levava com ela "ao leite".

Por vezes, neste ritual de fim de dia, havia quem perguntasse quem era aquela pirralha de cabelos loiros. "É a mais nova, a do Hermínio", dizia. E eu sorria, timidamente.

Ela era a mulher mais forte do meu pequeno mundo e ainda é assim que a vejo. Mesmo quando perdeu um filho, continuou a mostrar a mesma força e determinação do tempo em que caminhava junto a ela, tentando acompanhar os seus passos ligeiros e decididos. 

Hoje, por vezes ainda a oiço dizer:"Esta é a mais nova, a do Hermínio". Para mim, ela será sempre a minha Tia forte e segura que me levava ao leite. A minha Tia Fernandina.

domingo, 19 de dezembro de 2010

A Família do Tempo

Chegou devagarinho, sem avisar, e sem qualquer ruído que o denunciasse. Na verdade, não sei que horas eram, nem se foi de noite ou de dia. Quietinho, deixei-o ficar, sem dar importância. Nem sequer lhe perguntei o nome. Sabia que estava ali e sabia ao que vinha.
Ao longo destes poucos anos mantivemos uma relação distante. Eu deixava-o estar e ele assim se mantinha: paciente, tímido, reservado.

Há um tempo atrás, percebi que não estava sozinho. Afinal tinha irmãos. Uns mais maduros, altos e espadaúdos, outros mais magros e frágeis. Uns firmes e consistentes, outros mais discretos e sensíveis...

Passaram-se alguns meses - talvez anos -, e não tardou em que trouxesse as primas. Igualmente silenciosas e com pezinhos de lã, chegaram, não sei se de noite ou de dia, quem sabe num serão frio de Inverno enquanto dormia enroscada no sofá. Essas, mais finas e elegantes, acomodaram-se, discretamente e bem juntinhas. Se calhar a lutar contra a solidão.

Foi assim que conheci a Família do Tempo: os nobres Senhores Primeiros Cabelos Brancos e as suas elegantes primas que vieram de longe: as Senhoras Donas Primeiras Rugas. O segredo está em saber viver em paz... e com eles.

O significado das rimas

Sou tia de duas criaturas de Deus que, apesar de encantadoras, por vezes fazem questão de me lembrar porque é que ainda não sou mãe aos, quase, 37 anos. A última descoberta foi o facto de que o J. ainda não percebe o que são rimas. Ora, apesar de me ter esforçado com milhares de exemplos simples como " brincar e lanchar" ou "cão e sabão", achando que estava a explicar tudo muito direitinho "como se fosse a uma criança", percebi, (finalmente!), o resultado de tamanho esforço.

Cenário: os três sentados no banco de trás da carrinha. Eu, no meio, tentava evitar que aquele momento se transformasse na festa da Tomatina - com tazos, CD´s e homens aranha no lugar dos tomates -, e já não sabia mais o que inventar para acalmar tamanha algazarra. Eis senão quando me lembro de recordar a lição dada uns dias antes. Virei-me para o J., de 4 anos, e sugeri que retomássemos o jogo. O silêncio instala-se por uns gélidos 6 segundos e eu avanço: "Então vamos lá a saber... o que rima com Natal?". Ele, enfiado no banco, faz uma breve pausa, olha para mim e a medo, com um olhar pouco confiante, diz baixinho:

- "Rena?"

sábado, 18 de dezembro de 2010

Hoje é o teu primeiro dia


Parabéns! A partir de hoje, e depois de andar aqui aos papéis, elejo-te um lugar só meu. Acho que nos vamos ver mais vezes...