segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A minha Tia Fernandina


Houve um período da minha vida em que a Tia Fernandina cuidou de mim. Foi curto, mas o suficiente para que, ainda hoje, ela esteja presente em algumas das melhores recordações da minha infância.

A Tia Fernandina foi sempre uma mulher do campo. Rija, segura, decidida e muito trabalhadora. Nunca a vi parada nem a queixar-se do que a vida lhe reservou. Não é de beijos carinhosos ou abraços apertados. No entanto, a ela associo sentimentos únicos como protecção e afecto, seja quando recordo as manhãs frias em que me aquecia as botas no fogão a lenha, quando me deixava brincar com os restos da massa do pão, ou, simplesmente, quando me levava com ela "ao leite".

Por vezes, neste ritual de fim de dia, havia quem perguntasse quem era aquela pirralha de cabelos loiros. "É a mais nova, a do Hermínio", dizia. E eu sorria, timidamente.

Ela era a mulher mais forte do meu pequeno mundo e ainda é assim que a vejo. Mesmo quando perdeu um filho, continuou a mostrar a mesma força e determinação do tempo em que caminhava junto a ela, tentando acompanhar os seus passos ligeiros e decididos. 

Hoje, por vezes ainda a oiço dizer:"Esta é a mais nova, a do Hermínio". Para mim, ela será sempre a minha Tia forte e segura que me levava ao leite. A minha Tia Fernandina.

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