domingo, 16 de outubro de 2011

O poder das pequenas coisas

Ontem foi a primeira vez que regressei a casa depois de eles terem partido. Pode parecer estranho, mas tinha decidido não ir ao espaço onde eles viveram, só para não deparar com o vazio da sua ausência. Achei que não era capaz de enfrentar aquele pedaço de chão onde, nos últimos 15 anos, me tinha habituado a encontrá-los. Por isso, cobardemente, decidi não ver, talvez por querer alimentar secretamente uma estúpida e infantil esperança de eles ainda ali estarem.

Mas uma chamada do meu pai obrigou-me a abrir a porta e a enfrentar. É nesta altura que vejo, com surpresa, que no lugar da casota estava uma planta viçosa, com folhas verdes, robustas e saudáveis, adornada com um tule da cor do musgo. Naquele preciso momento percebi que, quem quer que o tenha feito, nunca saberá a real importância daquele simples gesto.